domingo, 25 de julho de 2010

A Resposta

Por João Paulo Leal Meireles
joaopioh@hotmail.com



Um pedido muito especial de uma amiga mais que especial.

Eiii, como vai? Que bom que nos encontramos de novo. Eu? Eu estou ótimo. Não, eu não encontrei aquele botão... graças a Deus! Sim, é verdade. Eu parecia obstinado a encontrá-lo, mas depois descobri que não era de um botão que eu precisava. Eu precisava mesmo era de uma RESPOSTA.

É, eu estive meio confuso, mas hoje eu sei que esquecer não era o que eu precisava. Definitivamente não era.

Aliás, esquecer um amor por causa de um sofrimento ou porque o final não foi aquele que esperávamos é crueldade.

E todos os momentos bons, não devem ser lembrados? E tudo aquilo que foi construído? E o quanto aprendemos, crescemos... deve ser apagado da memória só por que o fim não foi o que um dia desejamos? E quem foi que falou que tudo aquilo que desejamos é sempre igual àquilo que é melhor pra gente?

Ora, francamente! Ou se aprende isso ou estamos fadados a sofrer até o último dia de nossas vidas.

Por mais que não termine da maneira como gostaríamos, o amor sempre constrói, modifica e nos torna melhores. É inevitável, sabia? E ainda bem que eu não encontrei o tal botão. Seria como voltar a ser o que era antes do amor chegar e aí, se eu quisesse mesmo estar pronto para o amor, teria que começar tudo de novo, (risos).

Mas então, como eu ia dizendo, o que eu precisava era de uma resposta e é até engraçado falar, mas a resposta estava muito mais perto do que eu imaginava. A resposta para não sofrer por um amor que foi embora é... mais amor!

Não parece óbvio? E é simples assim. E não se trata de substituição também não. Não é trocar um amor por outro amor, Deus me livre. E sabe por quê?

Porque o amor é um só. Ele se apresenta de diversas formas e cada uma dessas formas nos ensina alguma coisa.

Existem muitos caminhos que podem nos conduzir ao encontro do amor, mas no fim ele é sempre o mesmo. É algo que nos completa, que nos faz felizes, que nos faz sorrir assim sem nem saber o porquê.

Então, se for esquecer-se de algo, escolha esquecer-se de esquecer o amor. A vida sem amor não é vida. É, eu já disse isso antes, eu sei. Ah, e fique atento, porque mais cedo ou mais tarde o amor sempre volta, já que nascemos para amar, ser amados e assim, e só assim, sermos felizes.

Se cuida, ein? Tchau.



segunda-feira, 12 de julho de 2010

Saudade


Por João Paulo Leal Meireles

A senhorita Clara morava na casa amarela, na Avenida Presidente Antônio Carlos, número 25. Todos os dias, pontualmente às dezessete horas e quinze minutos, ela sentava-se na cadeira de balanço na varanda de sua casa para esperar o filho chegar da escola. Isso era tudo o que os vizinhos sabiam sobre ela, já que Clara nunca teve ou procurou ter amizades na vizinhança.

Geralmente Bruninho chegava a sua casa entre dezessete e vinte e dezessete e vinte e cinco, e nunca aconteceu de ele chegar sem que sua mãe estivesse ali na varanda a espera dele. Bruninho era o único fruto bom que Clara trazia consigo daquela violação sexual, sofrida ainda na juventude.

Depois do nascimento do filho, Clara nunca se interessou por homem algum e dedicava a vida exclusivamente a cuidar do pequeno Bruno. Pequeno mesmo, pois Bruninho sempre foi franzino, frágil e incapaz de fazer mal a um pequeno animal, até mesmo àqueles dos quais ele não gostava muito.

E por todos os dias nos quais Bruninho ia à escola o ritual se repetia. Até que um dia aconteceu algo diferente: Bruninho não retornou. Nem às dezessete e vinte, nem às dezessete e vinte e cinto e nem mesmo às dezessete e trinta. A senhorita Clara não soube o que fazer e começou então a entrar em pânico.

Eis que um pouco mais tarde chega à casa amarela uma senhora de idade já avançada, cabelos grisalhos e com aquela aparência de quem leciona há muitos anos. Era dona Carmem, diretora do colégio no qual Bruninho estudava. Ela estava ali para dizer à mãe de Bruninho que seu filho havia sido atropelado bem em frente à escola, logo que a aula terminou e que quando a equipe médica chegou, nada pôde ser feito.

— É mentira! Gritou a mãe desesperada enquanto parecia se desfazer em prantos. A senhora não pode estar falando a verdade. Meu Bruninho vai voltar, ele sempre volta.

Então a senhorita Clara bateu com a porta na cara de dona Carmem. A diretora do colégio percebeu que a mãe de Bruninho não reagiu muito bem à notícia da morte do filho e procurou contatar outros parentes do menino.

E eis que quando a avó de Bruninho chega à casa amarela, na Avenida Presidente Antônio Carlos, não vê Clara sentada na varanda, mas vê a porta aberta. Ao entrar, a avó de Bruninho vê sua filha caída no chão segurando um bilhete que dizia: Meu filho atrasou mais do que o de costume, senti saudades e fui ao encontro dele. Não demoro.

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