terça-feira, 15 de junho de 2010

Espiritualidade do Seguimento


Por Joice Giachini

Dentro da perspectiva atual, o que significa o seguimento à pessoa de Jesus Cristo? Iniciar este artigo logo de início com tal questionamento denota um posicionamento pessoal de não querer ceder a um certo silogismo, que muitas pessoas caem ao tentar tratar de tal assunto. O desejo de encaminhar-se diretamente ao assunto notifica também, o anseio de que não mais se dê rodeios no protagonismo que o cristão, por vocação, deve assumir na sociedade.
O homem moderno vive uma autêntica fome de espiritualidade que pode ser interpretada como verdadeiro sinal dos tempos. É por isso que o tema já não pode mais ser tratado de forma evasiva. O pluralismo, a secularização e a fragmentação de valores que caracterizam a cultura contemporânea confrontam a espiritualidade cristã com novos desafios e perspectivas. E nesse sentido, se verifica que expressões da espiritualidade cristã, que foram significativas em tempos anteriores, hoje perderam sua relevância e necessitam de uma nova significação se quiserem novamente ser eloquentes.
Contudo, não se deve tencionar que a espiritualidade cristã seja o único antídoto para estas “enfermidades sociais”. Isso poderia ferir abertamente outras propostas sérias, de outras confissões religiosas, que se prestam ao resgate da dignidade da pessoa humana, podendo também fazer referência, no momento em que estamos aos problemas ecológicos.
Porém, ao ser dado relevo na pessoa de Jesus Cristo e na espiritualidade do seguimento, se quer apresentar lições que poderão promover uma maior comunhão com Deus e com toda a sua criação.
Cristo foi verdadeiramente o iniciador de um movimento que contrastou totalmente com a realidade de sua época, dando origem a uma espiritualidade não mais legalista e apegada a práticas externas, propôs uma espiritualidade comprometida com o todo do ser humano: tanto no nível afetivo, psíquico, relacional, fisiológico, sócio-político,... Com a sua pregação, seu jeito de ser e de se portar diante da realidade, redirecionou o ser humano para um outro nível de consciência de sua existência, abrangendo toda a vida, desde a cura até a plena realização do ser humano, na promoção de um mundo de justiça e de paz.
A radicalidade de Jesus e de sua proposta de vida mostra-se simples, direta, frontal, decisiva na exigência de que o ser humano elenque prioridades para si, deixando de lado valores ou hábitos ditos como provindos de sociedades mais evoluídas, concebidas por um capitalismo amiúde, pouco solidário e que deixam no coração humano resquícios de estranheza e frustração.
Em um mundo que se mostra sedento de espiritualidade, a proposta cristã mostra-se cativante e provocadora, ao buscar conduzir o indivíduo à unidade com Deus, consigo próprio, com os outros e com o universo. Tal proposta pode ser refletida com a mente, mas somente será assumida com o coração.

Referência:
NOLAN, Albert. Jesus hoje: Uma espiritualidade de liberdade radical. São Paulo: Paulinas, 2007.

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Um comentário:

Tiago Lacerda disse...

Gostaria de parabenizar pelo belo texto que escreveste sobre espiritualidade. Percebe-se que é um convite a uma vida autêntica e uma espiritualidade madura que tem muito a contribuir para a sociedade em que vivemos. Você soube com sutileza levantar esta reflexão e nos envolver em tal assunto. Parabéns!

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