sábado, 19 de junho de 2010

Sexualidade, não genitalidade!


Por Tiago Eurico de Lacerda


A sexualidade deve ser vista de uma forma integral, o ser humano é todo sexual, vive sua vida em funções sexuais, seja de relacionamentos familiares, afetivos, eróticos, enfim, a sexualidade permeia a nossa vida. Ao mencionar tal palavra, o que primeiro vem à nossa mente é um reducionismo ao genitalismo. É um erro reduzir a tão pouco um conceito tão amplo. As pessoas tendem a recordar e associar a sexualidade com os órgãos reprodutores, com o coito ou relações sexuais, mas a sexualidade não se resume nisso.
Mas então o que é a sexualidade? Essa pergunta grita dentro de nós em busca de um conhecimento mais profundo do nosso próprio ser. Inúmeras pessoas buscam ser felizes no amor, buscam gurus, cartomantes e inúmeros livros de autoajuda para satisfazerem seus desejos e angústias que na sua maioria estão relacionadas com a sexualidade, ou a má vivência da mesma. Antes de tudo gostaria de dizer que sexualidade não se reduz a uma única definição, mas poderemos encontrar várias, como na medicina, psicologia, sociologia e etc., conotações diferentes do mesmo termo. Segundo CASTELLANOS, "Sexualidade é uma energia, uma força positiva capaz de gerar vida, plenitude e realização. A sexualidade auxilia o desenvolvimento da pessoa, uma vez que possui uma grande variedade de elementos. Tem um dinamismo direcionado para uma conduta positiva que dá vida, embora passe, como todo processo, por diferentes etapas, nas quais há clareza e obscuridade, avanços e retrocessos" [1].
Por isso a sexualidade não pode ser vista isoladamente, mas na pessoa em seu todo, uma vez que tem a ver com o sexo, a procriação, a afetividade, o amor a espiritualidade, o prazer e outras dimensões importantes da vida. Ela tem a ver com a maneira de falar, de pensar, de expressar-se, de caminhar, de sentir, está presente o tempo todo na vida das pessoas, especialmente na alteridade. Nesta, percebemos rótulos; uma impressão de que existe um mundo dualista que divide os seres em machos e fêmeas, em papeis bem definidos que devem ser cumpridos. Mas devemos olhar o outro como um ser integral, um ser humano, que tem sua dignidade e peculiaridades. No Catecismo da Igreja Católica encontramos que “a sexualidade afeta todos os aspectos da pessoa humana, em sua unidade de corpo e alma. Diz respeito particularmente à afetividade, à capacidade de amar e de procriar e, de uma maneira mais geral, à aptidão a criar vínculos de comunhão com os outros”[2]. Não criamos vínculos com preconceitos e uma visão utilitarista, no sentido de aproveitar do outro, este não é um objeto que podemos lançar mão para os nossos deleites. Somos convidados a ver o outro como um ser integral, não somente genital.

Referências:
[1] CASTELLANOS, Luis Valdez. O dom da sexualidade, p.12.
[2] Catecismo da Igreja Católica, 2332, p.605.

2 comentários:

João Paulo disse...

Olá amigo. É um prazer para mim ser o primeiro a comentar o seu texto. Bom, antes de qualquer coisa, gostaria de dizer que este assunto sempre atrai a minha atenção. Gostaria de perdir-lhe que, sempre que possível, fale mais sobre este assunto, pois para mim ele ainda é um tanto quanto obscuro.

Parabéns pelo texto! Precisamos mesmo aprender a distinguir sexualidade de genitalidade.

Tiago Lacerda disse...

Caro João Paulo, Obrigado.
Acredito que este tema é envolvente, mas não é só para vocês que é obscuro, não. Creio que para toda a humanidade. Sempre é tempo propício para refletir sobre nossa sexualidade e distinguirmos de nossos desejos ligados a genitalidade que é apenas uma parte desta grande temática.
Pode deixar que em breve colocarei outro texto dando continuidade a este assunto, mas gostaria de ver antes outra construção sua sobre o amor, como eu já tinha comentado no seu post, seu texto é incrível. Vamos intercalando o amor com a sexualidade, e veremos onde vamos chegar.
forte abraço.

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