sábado, 12 de junho de 2010

O Botão


Por João Paulo Meireles

Cadê? Onde “tá”? Onde foi que o colocaram? Não é possível, eu não estou encontrando. Deve ter algo de errado. Eu vou reclamar! Não é possível que eles não tenham colocado ele em algum lugar. Deve estar em algum lugar por aqui. Eu sei que ele tem que estar.
Não, eu não sou maluco. Eu estou procurando um botão. É um botão. Onde? Em mim ora bolas. RS, não, não precisa ficar preocupado.
Não é o botão de auto-destruição, não. É o botão do esquecimento. Eu sei que ele tem que estar em algum lugar por aqui. Não é possível que tenham me feito sem um desses!
Talvez você esteja se perguntando o que eu quero esquecer. Bom, mas isso eu não vou contar. Não, eu não vou te contar. Ora, se eu estou tentando esquecer algo eu vou sair por aí contando pra ter que me lembrar cada vez que eu contar? Aí não tem botão que agüente. Por falar nisso cadê ele?
Me ajuda a procurá-lo? Umm, só ajuda se eu contar o que vou esquecer? Chato! Nem precisa, eu acho sozinho.
...
Ah, desisto. Acho mesmo que esqueceram de colocá-lo em mim. Bom, já que eu não posso esquecer, vou te dizer o que é: quero esquecer o amor. Por quê? Ora, não me interrompa! Agora que decidi contar, deixa-me contar de uma vez.
Quero esquecê-lo porque ele me faz sofrer. É claro que amor faz sofrer. Amor que vai embora deixa um vaziiiiio; quase que insuportável. Verdade. Você nunca amou, não?
Oh, que triste! A vida sem amor não é vida. Pior ainda é experimentar o amor um tiquinho só e depois você olha pro lado e ele não está onde deveria estar. Pra quem nunca viveu o amor isso é impossível de entender. Pra quem nunca o perdeu, menos ainda.
Amor é droga depreciativa do sistema “inteligencial”. É, a gente fica burro, sonso, não vê as coisas como elas realmente são. Mas é isso é que faz do amor a melhor coisa que existe. Ele cria um mundo próprio que só os que amam são capazes de ver, ouvir, tocar ou sentir.
...
Eu nem sei por que estou dizendo essas coisas. Era pra eu estar esquecendo o amor a uma hora dessas. Onde será que puseram aquele maldito botão?
O quê? Ah, você deve estar brincando. Como assim eu não tenho um botão do esquecimento? Eu sou o quê? Ser humano? E você vem me dizer que seres humanos não têm botão do esquecimento.
Então o que eu faço com isso? Essa dor, essa angústia, esses pensamentos que vão e vêm toda hora... Esquecer? Mas você mesmo não acaba de me dizer que eu não tenho um botão do esquecimento?
Por quê? Você quer saber por que ele foi embora? Ah, talvez por que não era amor. Ou talvez por que tinha de ir. Sei lá, mas isso não vem ao caso.
Ah, quer saber? Já que não tenho um botão do esquecimento, eu vou é lembrar! Vou lembrar de tudo o que vivi, de como me senti, de tudo que fizemos de bom, de todos os momentos felizes ao lado dele.
Me pergunta se ele ainda vive? Mas é claro que vive! Vive em mim. Vive nas lembranças. O amor ainda vive no amor que existe em mim.

Obtenha este texto em PDF: O Botão

20 comentários:

Tiago Lacerda disse...

Meu amigo João Paulo parabéns pelo texto!
Falar do amor não é uma coisa fácil, tampouco dizer como este amor nos foge ou nos faz sofrer, você foi muito feliz em produzir tal enredo. Como seria bom se houvesse tal botão do esquecimento! Espero em breve poder ler outros textos de sua autoria neste Painel.
Abraços.

João Paulo disse...

Obrigado, caro amigo. Espero que minhas humildes palavras possam tocar o coração daqueles que amam.
Procurei ser bastante sincero ao escrever este texto na intenção de que o amor se refletisse nestas linhas. Espero que todos os que amam possam se identificar com o texto.

Abraços

Unknown disse...

Parabens pelas palavras sinceras ditas nesse texto e pela forma de expressão usada, realmente são palavras que com certeza tocam aqueles que amam,me senti privilegiado de ser o primeiro a ler rs,breve aguardo mais novidades sua !!!

Riiiick disse...

hey hey
adorei o texto
apesar de sentimentos nao serem bem o meu forte,hehe

(:

Unknown disse...

Oi João.
Meus parabéns pelo texto. Muito tocante e expressiva a forma como abordou o tema do texto.
Infelizmente não temos o BOTÃO DO ESQUECIMENTO, seria tão útil ...
Abração.

Unknown disse...

Parabéns, seu texto ficou excelente e traduz muito bem o que sentimos quando nos deparamos com a dor do rompimento de um relacionamento. Adoreeeeiiiii...

Unknown disse...

Um depoimento de rara beleza e repleto de poesia que mostra um senso comum na história de todos nós, pobres seres humanos que tantas vezes nos julgamos intangíveis. Sensívél, sem ser piégas, verdadeiro, sem ser cruel, este texto foi escrito para ser lido, guardado e lembrado. Parabéns...

João Paulo disse...

Meus caros amigos, trata-se de um texto fictício. Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência, kkkk

"O poeta é um fingidor..."

Ana Marisa disse...

Parabéns, amigo! Texto muito bem escrito, você leva jeito para a coisa. Espero que você continue a se dedicar a escrever textos tão interessantes quanto este. Quanto ao tema, eu, assim como a maioria das pessoas, me identifiquei bastante com ele. Beijos!

Unknown disse...

JP,

Gostei bastante das suas palavras... Admirei o seu talento em escrever, ainda mais quando se trata de um tema tão complexo que admite várias facetas quanto interpretação. Parabéns! "Pra quem nunca viveu o amor isso é impossível de entender."

Unknown disse...

Arrepiei aqui! Acabou de transformar um tema que se banaliza a cada instante com a massificação dos meios de comunicação, em algo tão doce e agradável de ouvir e lembrar... Mesmo se pudesse, também não apertaria esse botão, pois acho que ele viria anexado ao botão de motricidade. Apertá-lo seria optar por parar, uma vez que sinto ser este o sentimento que me movimenta...Abração brother, sucesso!!!

Marcia disse...

João, como eu já havia dito pessoalmente, o seu texto ficou muito bom, muito bom mesmo! Você leva jeito pra coisa. Parabéns!!!

Unknown disse...

Quem lê este texto pode ter várias interpretações sobre o que você quer dizer, espero que você realmente encontre o botão do esquecimento rsrs

Raquel disse...

João Paulo,

Só reafirmando o que eu já havia dito anteriormente: adorei o texto! E é muito bom ler um texto que te faz relembrar casos e acasos da vida.

Já estou aqui ansiosa por novos textos!

Abraços,

Raquel Torres

Unknown disse...

Também preciso de alguns botões...
Quem não precisa ????

Wesley disse...

Grande João Paulo, parabéns pelo texto. Diferentemente do que muitos pensam, homens também sofrem por amor. De fato, esse texto condiz com a história de vida de muitas pessoas por aí, inclusive a minha. O que envolve sentimento é sempre muito complicado, teria de ser mais preciso essas questões, mas não, poucos têm sorte, muitos equivocam, consequentemente sofrem e muito. Ai....esse botão! Esse botão deveria realmente existir, simplificaria muito sofrimento.
Mais uma vez parabéns!
Abraço.

Unknown disse...

Veja o filme "Brilho Eterno de uma Mente sem lembranças", você vai ver como esse botão só pioraria as coisas se existisse.

Unknown disse...

Veja o filme "Brilho Eterno de uma Mente sem lembranças", você vai ver como esse botão só pioraria as coisas se existisse.

João Paulo disse...

Amigo, você é a segunda pessoa que me fala deste filme. Minha amiga Raquel Torres, assim que leu "O botão" se lembrou de "O brilho eterno de uma mente sem lembranças" e me indicou este filme.

Eu o assisti no último fim de semana.

Fico feliz ao ver o meu singelo texto conseguir fazer com que os leitores se identifiquem, lembrem e até citem algumas obras memoráveis.

Muito obrigado a todos vocês, meus amigos

Felipe Moratori disse...

João Paulo, seu texto é muito descontraído e gostoso de ler. =D

E sobre o botão: Ele não ajudaria em nada a "nos conhecer"

Melhor estarmos bem sem precisarmos dele!

abração!

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