quinta-feira, 24 de junho de 2010

A Natureza: Livro escrito por Deus e um bem para o ser humano


Por Izaque Ferreira Real

O respeito e a preservação da natureza revestem-se de grande importância atualmente, designadamente porque a natureza se constitui como um verdadeiro livro escrito por Deus e um bem para o ser humano. Salvaguardá-la torna-se um imperativo para a humanidade.

Com efeito, são inúmeros os descasos e os perigos que ameaçam a vida dos seres vivos. Basta olhar a realidade mundial: aquecimento global, poluição desenfreada, mudanças climáticas assustadoras, escassez de água, desmatamento sem limites, mudanças no regime das chuvas, entre outros fatores.

A crise ecológica é visível. Ela revela o quanto o ser humano está em conflito consigo mesmo, com as demais pessoas e com o mundo que o circunda. A escolha do homem “por privilegiar o racional e o pragmático em detrimento do afetivo gerou um mundo muito desenvolvido do ponto tecnológico, mas doente no aspecto relacional”[1].

Sem dúvida, a relação entre pessoa humana e natureza foi rompida. Em nome do seu egoísmo e da sua ânsia por riqueza, o ser humano se colocou como dominador da natureza, exercendo uma exploração absoluta sobre ela. “Os recursos naturais foram dilapidados para aumentar o lucro de alguns em detrimento da maioria, colocando em risco nossa própria sobrevivência”[2] .

A extração inconsiderada dos bens da natureza põe em perigo não somente o meio ambiente, mas o próprio homem, pois ele também é vítima da degradação provocada ao planeta. Direta ou indiretamente o ser humano sofre com aquilo que se causa a Terra.

A situação ecológica que se encontra a sociedade hoje é reflexo da cosmovisão moderna, onde a concepção de um antropocentrismo apontava para a existência dual de realidade: de um lado, “sujeito”, de outro, “objeto”. Esta divisão, dualidade, na qual o sujeito, enquanto indivíduo, adquiria suma relevância e as demais coisas existentes eram somente objetos que estariam a sua disposição, possibilitou considerar a natureza como elemento sem alma e também os outros homens como meros sujeitos incorpóreos, porque o que ganhava importância era “o eu penso”, fechado em si mesmo. Daí se evidencia que tanto a natureza quanto os próprios seres humanos poderiam ser dominados e explorados.

A cosmovisão moderna fragmentou a concepção de mundo. Por isso, no momento atual é decisão sensata realizar uma revisão profunda e clara no modelo de vida estabelecido e no desenvolvimento político-econômico global, buscando favorecer uma consciência ecológica na geração presente. Trata-se de elaborar uma resposta coletiva que valorize o respeito pela natureza e o desenvolvimento integral do ser humano.

Enfim, necessita-se urgentemente que se pense na reciprocidade entre dignidade humana e dignidade do planeta, pois se se fere a natureza, o ser humano também é ferido. “A natureza, entendida como o conjunto de todas as criaturas, deve ser protegida pelo que ela é e não enquanto eventual potencial à disposição do ser humano. O planeta deve ser, portanto salvaguardado em nome de uma dignidade que, para todos os efeitos, lhe é própria”[3] .

A relação de interdependência e interligação entre todas as coisas do universo é fundamental para a existência do ser humano, enquanto “ser-no-mundo”.


Referências:
[1] SILVA, Isabelle Ludovico da. O papel da mulher na conservação do meio ambiente. In. Revista Ultimato, Ano XLII – N° 318, Maio-Junho 2009. p.58.
[2] Ibidem, p.58.
[3] TAVARES, Sinivaldo Silva. A criação em face do novo paradigma ecológico: dom de Deus e responsabilidade humana. In. Revista Convergência, Ano XLV – N° 430, Abril 2010. p. 278.

Um comentário:

Painel X - New Writers disse...

Caro Izaque,
Como é bom poder ler seu texto!
Além da atualidade que ele apresenta nos remete a esta reflexão de uma forma inteligente e consciênte, parabéns!
Aguardo outros textos seus para nosso deleite.
O editor.

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